segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Descolonização Africa e Asia

Quando os estados da Europa no final da idade média começaram a "descobrir" a África, encontraram aí reinos ou estados, quer de feição árabe ou islamizados, principalmente no norte e ocidente daquele continente, quer de tradição bantu. Os primeiros contatos entre estes povos não foram imediatamente de dominação, mas de caráter comercial. No entanto, os conflitos originados pela competição entre as várias potências européias levaram à dominação política desses reinos, que culminou com a partilha do Continente Negro pelos estados europeus na Conferência de Berlim, em 1885.
A divisão do território foi feita segundo os interesses das potências colonizadoras que não respeitavam as diferenças étnicas, pois colocavam povos inimigos em um mesmo território. A ideologia da superioridade dos povos europeus serviu para criar em algumas regiões africanas rígidas e odiosa segregação racial.






Na descolonização da África algumas coisas mudaram e outras permaneceram.

Entretanto, nos 35 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, a maioria dos países africanos, asiáticos e da Oceania conseguiu a sua independência. Esse processo histórico foi chamado descolonização. Dos fatores que favoreceram a conquista da autonomia desses países podemos citar:
-->O enfraquecimento político e econômico das potências imperialistas européias devido aos prejuízos com a Segunda Guerra Mundial e períodos sucessivos de crise: Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa e Grande Depressão;
-->Idéias de base religiosa (budismo e islamismo na Ásia) e política (pan-africanismo na África e idéias socialistas nos dois continentes). O pan-africanismo, cujo ideal foi proposto por Jomo Kennyata, defendia a união e a independência de todos os povos africanos. Além disso, algumas idéias socialistas pregavam o direito dos povos colonizados à autodeterminação;
-->A luta dos povos ativos contra os dominadores europeus. Muitas foram iniciadas muito antes da 2ª Guerra Mundial;
-->O apoio que os movimentos de libertação da Ásia e da África receberam dos Estados Unidos e da União Soviética. Os EUA queriam combater a expansão comunista, enquanto a URSS acusava o colonialismo de ser o produto do capitalismo, seu maior rival. Além disso, ambas potências buscavam áreas de influência, pois pontos estratégicos para escalas de viagens marítimas e aéreas, para a instalação de bases militares, e realização de estudos científicos e testes nucleares atraiam o interesse dos países no contexto da Guerra Fria;
O processo de descolonização nos vários países foi marcado pela violência. Algumas potências européias procuraram negociar uma nova relação com suas colônias para garantir a sobrevivência de seus empreendimentos econômicos. Reformas cujo objetivo era a concessão de uma independência lenta e gradual para as colônias foram instaladas, mas revoltas acabaram ocorrendo antes da concessão da independência. Exemplos desses acordos entre colonizadores e colonizados ocorreram em várias áreas de domínio francês e inglês. Na maioria desses casos as fronteiras determinadas pelos dominadores europeus em função de seus interesses foram mantidas, o que explica o fato de membros de uma mesma etnia ficarem separados por vários países e de membros de etnias diferentes continuarem a conviver em um mesmo território. Também é por isso que as línguas nacionais adotadas nesses países foram as dos respectivos colonizadores, já que não havia uma língua comum aos diferentes povos reunidos num mesmo país.Outras áreas africanas e asiáticas, só alcançaram sua autonomia depois de violentas guerras civis e lutas mais a fim de expulsar os dominadores do território. Exemplos disso ocorreram na Indochina (formou os países Vietnã, Camboja e Laos), Indonésia, Índia(mesmo com o movimento de resistência pacífica de Mahatma Gandhi).







Mapa que mostra a época em que os países conquistaram sua independência.

Independência da Indonésia
No séc. XVII, na Indonésia , suas principais ilhas Java e Sumatra Passaram a fazer parte do domínio colonial dos Países Baixos, mas os japoneses acabaram ocupando a região e prometeram autonomia para o país .
Em 1945, com a derrota do Japão na 2º Guerra Mundial, foi declarada a independência da Republica Indonésia, mas a Holanda não reconheceu e iniciou-se um período de lutas entre o exercito holandês e os guerrilheiros nacionalistas, e foi em 1949, depois da medição da ONU e dos EUA, que estavam interessados em estabelecer sua influência na região, que q Holanda reconheceu a independência da Indonésia .














Independência da Índia
A resistência dos indianos contra o domínio inglês era antiga, Mas depois da Primeira Guerra Mundial essas lutas ganharam fôlego e direção. Durante essa guerra, a Inglaterra pediu à Índia matérias-primas e soldados e, em troca, prometeu maior autonomia administrativa aos hindus. Os hindus aceitaram e cumpriram sua parte; a Coroa Britânica não.A decepção com os ingleses, o desemprego nas cidades e a existência de milhões de camponeses sem terra facilitaram a penetração das idéias de Gandhi, o principal líder da luta pela independência na Índia.Para combater a dominação britânica, Gandhi propunha a resistência pacífica por meio de uma solução original: a desobediência civil. Ou seja, recomendava aos indianos que não pagassem impostos e não comprassem produtos ingleses e também desobedecessem às leis que os discriminavam dentro de sua própria terra. O objetivo era não cooperar com os colonizadores, isolando-os e enfraquecendo-os.O principal partido de oposição ao domínio inglês na Índia era o Partido do Congresso, fundado no final do século XIX e liderado por Gandhi e Nehru. Os muçulmanos (24% da população da Índia na época) eram liderados por Mohammed Ali Jinnah. Esses três líderes defendiam a não-colaboração com o colonizador inglês.Quando a Segunda Guerra Mundial explodiu, os indianos negaram-se a participar dela. Com o fim da guerra aumentaram os movimentos populares pela independência. Agravou-se também o conflito entre hindus e muçulmanos, que propunham a formação de um Estado separado da Índia.Pressionado pelos indianos e desgastado pelo conflito contra o nazismo, o governo inglês reconheceu a independência da região. Pela Lei da Independência, aprovada em 15 de agosto de 1947, o território da Índia ficava dividido em dois países: República da Índia, de maioria hindu, e República do Paquistão (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana. Em 1971, o Paquistão Oriental constituiu um país separado, Bangladesh.




























Independência da Argélia
Interessados na exploração econômica , a França na primeira década do séc. xIx, dominou a Argélia . Em 1954, formou-se a frente de Libertação Nacional (FLN) que usando a tática da guerrilha, iniciou a guerra da independência contra os colonizadores, mas a França com o objetivo de sufocá-los, cometeu várias atrocidades , como atrocidades e torturas ; quando em 1958 o general De Gaulle assumiu o governo da França, começou-se a negociação da independência da Argélia, e só em 1962 após um período de complicadas negociações entre os líderes da Frente de Libertação Nacional, o governo francês e os franceses que moravam na Argélia, a independência foi reconhecida.

























Independência da Indochina
As regiões do Vietnã, Laos e Camboja , faziam parte da antiga Indonésia . A região do Camboja (que era formado pela fundação Funã) em 1863, tornou-se protetorado Francês . Em 1940 o Japão dominou toda a Indochina, e então no Vietnã formou-se um movimento nacionalista para lutar contra os invasores denominados Vietminh (Liga Revolucionária para a independência do Vietnã), Liderado por Ho chiminh, que em 1931, fundou o partido Comunista Indochinês.
No decorrer da Guerra do Vietnã, o território do Camboja sofreu infiltração dos vietcongues que estavam à procura dos inimigos, e Camboja até então neutro, mobilizou-se; Junto à uma sucessão de golpes de estado, verificou-se uma guerra sangrenta que dizimou sua população pelo genocídio, doenças e fome .Com a derrota do Japão na Guerra , Ho Chiminh proclamou a independência da República Democrática do Vietnã embora a França não tenha reconhecido . Em 1954 foi convocada a conferência de Genebra para restabelecimento da paz, que serviu também para dividir o Vietnã em dois estados : Vietnã do sul com capital Saigon, e o Vietnã do Norte, com capital em Hanói reconhecer a independência de Laos, Camboja e Vietnã .
Independência das Colônias Portuguesas
As colônias portuguesas Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, e os arquipélagos de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, foram as que mais tardiamente conseguiram sua libertação.
Em 1961, a luta pela independência teve início em Guiné-Bissau, e foi comandada pelo fundador do partido da Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC),Com o seu assassinato, Luís Cabral assumiu o comando do movimento, proclamando a independência; Em 1974, com a queda do regime fascista em Portugal, o novo governo reconheceu a independência de Guiné-Bissau. No ano seguinte, Portugal também reconheceu a independência de Cabo Verde .
Em Moçambique, afrente de libertação de Moçambique (FREMILO), fundada por Eduardo Mondlane, iniciou, em 1964, um movimento armado contra o colonialismo português, vários dos confrontos entre as duas forças terminaram com a derrota dos portugueses, e em 1975 o governo democrático de Portugal reconheceu a independência da república Popular de Moçambique .
Agostinho Neto fundou o movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), mas ouve também, outras organizações com o mesmo objetivo ; após a queda do salazarismo em Portugal, foi assinado em 1974, o Acordo de Alvor, que estabelecia a independência de Angola para o ano seguinte . O arquipélago de São Tomé e Príncipe conseguiram se libertar do domínio Português em 1975 .
A guerra do Congo
O Congo foi colonizado na 1º década do séc. xx , pela Bélgica ; na década de 50, o líder nacionalista Patrice Lumumba, passou a lutar pela libertação do Congo, desencadeando agressivas manifestações populares . Em 1960, muitos belgas abandonaram a região, e a Bélgica concedeu independência ao Congo, mais Moisés Tshombe, governador da província de Katanga , iniciou um movimento de caráter separatista, que foi apoiado por tropas mercenárias belgas e financiado por empresas internacionais (interessadas nas riquezas minerais) .
Com o apelo do governo, a ONU enviou uma força de paz à região, que não resolveram muita coisa e se retiraram em 1964, deixando o país praticamente unificado, mas Tshome tentou se apossar do poder e provocou uma nova rebelião .
Conferência de BandungEntre 18 e 24 de Abril de 1955, reuniram-se na Conferência de Bandung, na Indonésia, os líderes de vinte e nove Estados em sua maioria asiáticos e africanos, dentre eles: Afeganistão, Arábia Saudita, Birmânia, Camboja, Laos, Líbano, Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Japão, Índia, Paquistão, Turquia, Síria, Israel, República Democrática do Vietnã, Irã, Iraque, Vietnã do Sul, Nepal, Iêmen do Norte, Etiópia, Líbia, Libéria e Egito... O objetivo era a promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática como forma de oposição ao que era considerado colonialismo ou neocolonialismo dos Estados Unidos da América, da União Soviética ou de outra nação considerada imperialista.
Foi a primeira conferência a falar e a afirmar que o imperialismo e o racismo são crimes. Falaram também sobre as Responsabilidades dos Países Imperialistas, que existem até hoje. Responsabilidade que significa ajuda para reconstruir os estragos que eles fizeram no passado. Os países que participaram da Conferência deram a si próprios o nome de Terceiro Mundo, declararam-se não-alinhados, ou seja, neutros na Guerra Fria entre EUA e URSS e comprometeram-se a apoiar as independências de outros povos da África, Ásia e Oceania.Nessa Conferência foram estabelecidos 10 Princípios.









































Três líderes dos países participantes da Conferência de Bandung: Jawaharial Nehru, Gamal Abdel Nasser, Josip Broz Tito da esquerda para a direita.
Os Dez Princípios da Conferência de Bandung1.Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.2.Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.3.Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas.4.Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país (Autodeterminação dos povos).5.Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta da ONU.6.Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir aos interesses particulares das superpotências.7.Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.8.Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações, arbitragens por tribunais internacionais), de acordo com a Carta da ONU.9.Estímulo aos interesses mútuos de cooperação. Respeito pela justiça e obrigações internacionais.10.Respeito pela justiça e obrigações internacionais.